Escravidão no Brasil – Aspectos Históricos

História ilustrada da Escravidão no Brasil, do descobrimento até o início da República.

A escravidão no mundo se inicia na Mesopotâmia, há cerca de 5.000 anos atrás, numa relação entre dominador e dominado, vencedor e vencido. Portugal, no século XIV comprava escravos chineses, povos muçulmanos vencidos eram escravizados com a anuência da igreja. Muitos judeus convertiam-se em cristãos-novos para fugir da dominação, já que a Santa Sé proibia a escravidão de católicos.

Quando da descoberta do Brasil, Portugal não tinha sequer mão de obra para a colonização, e numa tentativa de proteger a terra de invasões inicia o povoamento com o regime de capitanias hereditárias. Nesta primeira fase o índio é vencido e escravizado, novamente na base da dominação e imposição de castigos físicos. Este primeiro regime escravagista encontra algumas resistências: o índio não é afeito ao trabalho fixo, já que sua economia é baseada na caça e pesca pelos homens, enquanto as mulheres cultivam a horta. Portugal olha os índios como seus súditos e a Igreja não recomenda a escravidão (apesar de ser dona de escravos, além de fazer uma dominação através das ordens jesuíticas).

Inicia-se no Brasil o ciclo das grandes plantações, necessitando de mão de obra barata e forte, provida por Portugal através de negros comprados nas costas da África. Estes escravos eram trocados por cachaça e tecidos em entrepostos na costa do continente. Portugal (e mais tarde França, Espanha e Inglaterra) fomentariam guerras entre tribos, aonde os perdedores seriam vendidos como escravos, além destas mesmas tribos serem obrigadas a pagar um tributo em escravos a cada período de tempo. O Brasil importa inclusive escravos alfabetizados (em árabe!), conquistados de tribos muçulmanas do norte da África.

Os escravos servem na lavoura, na mineração e dentro dos centros urbanos. Quanto pior o tratamento imposto à escravaria, maiores as chances de revoltas, com fugas, assassinatos e a formação de quilombos. Também começam a surgir os escravos alforriados ou libertos, as ordens religiosas e um discreto movimento abolicionista. A figura do escravo de ganho, aquele que trabalhava durante o dia e deveria pagar um certo valor ao seu proprietário, surge a princípio na mineração, mas logo se expande na culinária, barbearias, músicos e também na prostituição, proibida pela metrópole.

O escravo participa das guerras, luta junto com o índio e o branco contra as invasões francesas e holandesas, o que aumenta a força do movimento abolicionista, que passa a conseguir leis que protegem o escravo dos castigos corporais extremos, extingue a pena de morte por desobediência, enquanto que o governo do Império inicia, sob forte pressão da sociedade (inclusive parte da aristocracia) uma série de leis que visa extinguir o regime escravocrata, porém de maneira lenta.

Surgem as Leis proibindo o tráfico de escravos (e combatendo e punindo o contrabando, inclusive dentro do próprio território), a Lei do Ventre Livre, a Lei dos Sexagenários e finalmente a Lei Áurea, que, apesar de libertar os escravos não possui nenhuma logística para a recolocação da mão de obra.

Parte dos escravos continua nas próprias fazendas, vivendo em regime de semi-escravidão, outra parte inicia seus próprios negócios, e muitos tornam-se, pela falta de perspectiva e trabalho, mendigos, prostitutas e ladrões. Neste clima a República é proclamada, mas também sem qualquer plano de ação para diminuir a pobreza em que esta nova leva de cidadãos se encontrava. Antonio Conselheiro surge como uma luz a guiar os ex-escravos no reduto de Canudos.

No período escravista o Brasil conhece grandes líderes abolicionistas, escritores, políticos, jornalistas, republicanos na maioria. Vê surgir a Maçonaria que se infiltra dentro do próprio governo imperial anunciando que a nação precisava de novos rumos. O Brasil tem a chance de crescer economicamente colhendo vantagens sobre a invasão do Haiti pelas forças de Napoleão destruindo todo o regime de plantation, a Guerra de Secessão americana, que abre as portas do Brasil para a exportação do algodão, mas também vê, sem qualquer reclamação, todo o seu ouro ser escoado para a Inglaterra via Portugal, financiando a Revolução Industrial Inglesa.

Este é o resumo de praticamente quatro séculos de escravidão no Brasil, aonde o caldeirão de raças e culturas aqui implantado colheu, ao final, laços verdadeiros de liberdade, igualdade e fraternidade, a verdadeira influência que nossos abolicionistas tiveram a coragem de implantar em nossa Pátria.

Escravidao no Brasil

Coleção exposta com palestra na SPP Sociedade Philatélica Paulista em 30 de junho de 2012 e na Exposição Filatélica de Itaquaquecetuba no Museu da cidade, no período de 12 a 18 de maio de 2014, com palestra e discussão com os visitantes presentes no dia 17 de maio, além de ser exposta também na Expo-SPP em agosto de 2014.

A Revolta Paulista de 1924

A Revolta Paulista de 1924, também chamada de ‘Revolução Esquecida’ foi

Fig 01 Gal Izidoro Dias Lopes
Fig.1 Gal Isidoro Dias Lopes

a segunda revolta tenentista, o maior conflito bélico já ocorrido na cidade de São Paulo. Comandada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes (fig.1) contou com a participação de vários tenentes, dentre os quais Joaquim do Nascimento Fernandes Távora (que faleceu na revolta), Juarez Távora, Miguel Costa, Eduardo Gomes, Índio do Brasil e João Cabanas.

 

Deflagrada na capital paulista em 5 de julho de 1924, (a data do início do conflito em São Paulo foi escolhida para homenagear o primeiro levante tenentista, ocorrido exatamente dois anos antes no Rio de Janeiro, no episódio conhecido como a Revolta de 1922), foi o primeiro movimento militar armado que pregava o fim do monopólio das oligarquias paulistas e mineiras no poder e questionavam a vitória do mineiro Arthur Bernardes (fig.2) nas eleições presidenciais de 1922.

Fig 02 Selo RHM O-532 Arthur BernardesA Revolta de 1922 (Primeira Revolta Tenentista) serviu para mostrar o descontentamento de militares com a política do País. Em 1924, a revolução que se ergueu em São Paulo começou a desenhar um projeto político tenentista mais claro. Em sua lista de demandas, além da deposição do Presidente da República, estavam um conjunto de reformas políticas que visavam a moralização do sistema político. Pediam maior independência do Legislativo e do Judiciário, limitações para o Poder Executivo, o fim do voto de cabresto, a adoção do voto secreto e a instauração do ensino público obrigatório.

Na data de 5 de julho de 1924 a cidade vive uma das maiores batalhas travadas em solo urbano da América Latina (fig. 03). Este episódio sangrento deixa quase 2.000 prédios destruidos, 503 mortos, 4864 feridos (dois terços eram civis) e o êxodo de cerca de 300.000 moradores da capital, que à época tinha 700.000 habitantes. Campinas recebeu aproximadamente 50.000 refugiados.

Fig 03 Revolucao Esquecida

As tropas rebeldes do exército se aliaram à Força Pública Estadual (hoje Polícia Militar), convertendo-se num verdadeiro exército regional, com artilharia e aviação, atacando alvos civis. As bombas, já no primeiro dia, atingiram o Mosteiro de São Bento (fig. 4) , o Liceu Coração de Jesus (fig. 5) e inúmeras residências.

Fig 04 Selo RHM 2142 Mosteiro de São Bento SP

Fig 05 Liceu Coracao de Jesus
Fig.5 Liceu Coração de Jesus

A liderança do exército tenentista era ocupada pelos irmãos Joaquim e Juarez Távora, Eduardo Gomes e Custódio de Melo entre outros, e todos haviam participado do levante dos 18 do Forte de Copacabana (fig. 6), dois anos antes, com o intuito de derrubar o então presidente da república Arthur Bernardes. Vencidos na capital federal, vieram fugitivos para São Paulo, aqui se reorganizando com nomes falsos, juntando-se aqui com o major fiscal da Força Pública Miguel Costa.

Os rebeldes tomaram pontos estratégicos da cidade, como os quartéis da Luz, as estações da Luz (fig. 7) e Sorocabana e os correios (fig. 8), enquanto atacavam a casa do Presidente Carlos de Campos (assim eram chamados na época os governadores dos estados). Carlos de Campos (fig. 9) empreende fuga para os baixos da Penha, na zona leste, nas regiões da Rua Guaiaúna (o local era a Estação de um ramal da Estrada de Ferro Central do Brasil (fig. 10), que posteriormente o nome alterado para Estação Carlos de Campos, desativada hoje por conta da linha do Metrô de São Paulo).

Fig 07 Estacao da LuzFig 08 Correio

Fig 09 Carlos de CamposFig 10 Estacao Carlos de Campos

De acordo com o historiador Moacir Assunção, no início do ataque veio a paralisia da capital, sem esboçar reação vigorosa ao ataque dos tenentistas. Com a fuga do Presidente Carlos de Campos veio a acefalia. O plano dos tenentes, tomar rapidamente a cidade de São Paulo e embarcar as tropas para o Rio de Janeiro para depor Arthur Bernardes não se concluiu. Carlos de Campos, de seu refúgio no entroncamento da Central do Brasil, com o apoio do Ministro da Guerra Setembrino de Carvalho reuniu 18 mil homens, canhões com alcance de 11 quilômetros e tanques franceses (arma jamais usada no Brasil) e aviões bombardeiros Breguet. Seis dias após a revolta todo este exército entrou em ação saindo da inanidade para o confronto.

Naquela semana as tropas da Marinha destruíram o quartel general rebelde instalado na Avenida Tiradentes (hoje Quartel da Rota, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). A Igreja da Glória, no Cambuci (fig. 11), ocupada pelos rebeldes na Rua Lavapés, foi praticamente destroçada.

Fig 11 Igreja da Gloria
Fig. 11 Igreja da Glória

O governo federal com a cumplicidade do estadual, usava pra combater a revolta o método de ataque conhecido como “bombardeio terrificante” em que os tiros são disparados a esmo, sem destino, para fazer a população se revoltar contra os tenentistas. Este método havia sido utilizado pelos alemães na Primeira Guerra Mundial contra os franceses e belgas sendo condenado pelo mundo civilizado. Aqui o Estado utilizou este método maldito contra a própria população, ferindo, mutilando ou matando civis sem qualquer relação com a revolta.

Fig 12 Igreja de Nossa Senhora da Penha
Fig.12 Igreja da Penha

As tropas legalistas colocaram seus canhões no Pátio da Igreja da Penha (fig. 12) e nas colunas da Vila Matilde atirando sem parar, mirando fábricas como o Cotonifício Crespi (fig. 13) (Moóca), Duchen e a Antárctica além de residências, aonde famílias inteiras pereceram. Com medo de que a população pobre aderisse ao movimento foram bombardeados os cortiços da região do Tamanduateí na Várzea do Carmo (hoje Parque Dom Pedro), aonde haviam se instalado operários imigrantes espanhóis e italianos.

 

Escasseando os alimentos, a população remanescente passou a saquear lojas e mercados (como o Mercado Municipal da Rua

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Fig. 13 Armazem Puglisi
Fig 14 Mercado Municipal
Fig. 14 Mercado Municipal

 

 

 

25 de Março (fig. 14), os armazéns Puglisi e Gamba na Moóca e os Armazéns Matarazzo no largo do Arouche), e alimentar-se de pombos e ratos.

O movimento também adentrou a inúmeras cidades do interior paulista, tomando prefeituras, vandalizando, saqueando, matando e violentando a população. A “Coluna da Morte” era comandada pelo Tenente João Cabanas (fig. 15), comandante do grupo de revoltosos.

Fig 15 Tenente Cabanas
Fig15 Tenente João Cabanas

Uma comissão do estado negociou com o governo federal uma “intervenção caridosa” no estado de São Paulo, pedindo para que os bombardeios aos civis fossem cessados. Mas em 26 de julho os aviões governamentais jogaram panfletos orientando os habitantes da capital a abandonarem suas casas, pois a cidade seria bombardeada mais drasticamente. Mas não havia para onde fugir, já que as saídas da cidade estavam fechadas, e sequer os mortos podiam ser enterrados por força dos bombardeios.
No dia 28 de julho os revoltosos embarcaram em 11 trens de carga para Bauru, com 3500 homens, cavalos, artilharia e alimentos. No mesmo dia Carlos de Campos retornou ao Palácio dos Campos Elíseos. Era o final da revolução de 1924.

Sem poderio militar equivalente para enfrentar as tropas legalistas, os rebeldes retiraram-se para Bauru, reorganizando-se para atacar o exército legalista se concentrava na cidade de Três Lagoas, no atual Mato Grosso do Sul. A derrota em Três Lagoas, no entanto, foi a maior derrota de toda esta revolta. Um terço das tropas revoltosas morreu, feriram-se gravemente, ou foram capturadas.

Fig 16 Luis Carlos Prestes
Fig.16 Luís Carlos Prestes

Os rebeldes, refugiados em Foz do Iguaçu, no Paraná, juntaram-se a tropas vindas do Sul comandadas por Luís Carlos Prestes (fig. 16), formando a Coluna Prestes (fig. 17), maior movimento terrorista que o país já conheceu, que percorreu 25.000 quilômetros no Basil enfrentando forças federais.

 

 

Fig 17 Coluna Prestes
Fig. 17 Coluna Prestes

Notas:

O fotógrafo suíço Guilherme Gaensly (1843-1928) é um dos grandes responsáveis pelo conhecimento iconográfico do início do século XX que temos de São Paulo. Gaensly fotografou o que pode ser chamada de a “belle époque” paulistana: seus casarões, edifícios públicos, o apogeu dos barões do café e a reurbanização que eliminava os resquícios coloniais da cidade.

Fig. 5 – Gaensly – Postal n. 16, mostra o Liceu Sagrado Coração de Jesus, na região da Luz / Campos Elíseos.

Fig. 8 – Gaensly – Postal n. 14, vista do Correio Geral. Esse prédio do correio ficava no Largo do Palácio (Pátio do Colégio, onde hoje se encontra o edifício do Tribunal de Justiça). O torreão ao fundo é da Casa Paiva, que aparece também nos postais anteriores.

Fig. 10 – Estação de Trem Carlos de Campos, da Estrada de Ferro Central do Brasil, hoje Rede Ferroviária Federal, desativada em 2008 em virtude do Metrô de São Paulo ter construído a Estação Penha vizinha dela.

Fig. 11 – Igreja da Glória, Cambuci, SP atacada por tropas legalistas.

 

Bibliografia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_Paulista_de_1924
http://www.infoescola.com/historia/revolta-de-1924/
http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,revolucao-de-24-guerra-em-sp-por-reformas-politicas,10277,0.htm
https://sampahistorica.wordpress.com/tag/liceu-coracao-de-jesus/
https://sampahistorica.wordpress.com/2013/07/04/guilhermegaensly/
Dias Rudes, Moacir Assunção, O Estado de São Paulo, 04/07/2015

Grandes Mestres e Grandes Óperas

Coleção apresentada em Amereicana em agosto de 2010, Goiania em outubro de 2010, Brapex em outubro de 2011, Cruzeiro em julho de 2012 e na Expo-SPP em agosto de 2012.

Uma pequena viagem pelas grandes óperas: seus compositores, maestros e cantores, incluindo ilustres desconhecidos que nortearam com rara beleza a mais antiga das manifestações da sociedade: o canto.

Médicos Brasileiros Ilustres

Coleção apresentada na Expo-SPP em agosto de 2016.

Coleção da classe Um Quadro, mostrando alguns dos médicos brasileiros homenageados pelos Correios através da emissão de selos. O Brasil pode se orgulhar de ter médicos que contribuíram para a saúde pública, não só a nível nacional como a nível internacional, principalmente nas áreas de doenças tropicais e doenças infecciosas e parasitárias.

Os selos da Liga Naval Otomana

Publicado no Boletim Filaap nº 184 ano 41 de fevereiro de 2015

HISTÓRICO

Os selos da Liga Naval Otomana foram emitidos em 1914 para serem utilizados como contribuição voluntária para a Associação da Marinha Otomana, em valores de (em “paras”, moeda do Império Otomano da época): 1 (laranja), 2 (azul escuro), 5 (verde), 10 (marrom) e 40 (marrom avermelhado). Os selos retratavam navios de guerra: os de 1 e 40 paras um destroier, os de 2 e 5 paras um barco torpedeiro e o 10 paras um cruzador blindado (fig.1). Não serviam para portear correspondências até 1921 quando receberam sobrecarga, mas eram vendidos apenas em benefício dos marinheiros da frota otomana.

Fig 1

Fig 2A emissão destes selos tem inúmeras variedades, por falta de cuidados e de experiência na impressão. Existe sobrecarga invertida no selo de 5 paras, verde (fig.2). Há erros de data da sobrecarga descritos em selos de todos os valores: 2337 ao invés de 1337 (em árabe, vide tabela ao final do artigo). Os selos de 1, 2 e 5 paras com sobrecarga não estavam de acordo com a tarifa postal vigente e muito provavelmente foram inúteis para o fim postal a que se destinavam.

CLASSIFICAÇÃO

No Catálogo de Selos Fiscais do Império Otomano (Revenue Stamps of Ottoman Empire) encontramos os selos sob números 4958 a 4962. Também são citados na mesma publicação os ensaios de cor para a série original:

com denteação para os selos de 40 paras nas cores verde, violeta e azul escuro (4963 a 4965), para a série completa, mas sem denteação nas cores:

  • marrom (4966 a 4970),
  • laranja (4971 a 4975),
  • verde escuro (4976 a 4980),
  • amarelo (4981 a 4985),
  • esmeralda (4986 a 4990) (fig. 3),
  • azul escuro (4991 a 4995),
  • verde oliva (4996 a 5000),
  • preto (5001 a 5005),
  • rosa (5006 a 5010) e
  • marrom escuro (5011 a 5015).

Fig 3

SOBRECARGAS

Fig 4Em 1915 quase todos os selos da Liga Naval Otomana, menos os de 40 paras receberam outra sobrecarga com a inscrição em vermelho: “para ajuda ao imigrante” convertendo-se assim em selos fiscais (5 piastras no selo laranja de 1 para) (fig. 4). Lembramos que nesta época o mundo assistia à Primeira Guerra Mundial, com grande deslocamento de populações fugindo dos teatros de batalhas.

Fig 5Em 1916 o selo de 1 pa (laranja) recebeu uma sobrecarga em preto: “paras 5 paras” para contribuição da “taxa do querosene” (fig. 5). Não encontramos nenhuma referência a esta taxa no Catálogo de Selos Fiscais da Império Otomano.

Em 1921, por conta da falta de selos postais disponíveis, o Governo de Ankara se apropriou dos selos da Associação da Marinha Otomana na Anatólia, inseriu uma sobrecarga e os selos passaram a ser utilizados no franqueamento de correspondências (fig. 6). Estes selos com sobrecarga para uso postal constam no Catálogo Especializado Isfila com a numeração de 1042 a 1046; no Catálogo Scott os selos recebem a numeração 59 a 63 no capítulo Turquia na Ásia (Anatólia) enquanto que no Yvert a numeração é a de 38 a 42, também no mesmo capítulo.

Fig 6

CONCLUSÕES

Desta maneira podemos considerar que os selos emitidos pela Liga Naval Otomana tiveram usos diferentes ao longo do tempo:

  • Selos de contribuição voluntária (ou cinderelas): emitidos em 1914 a favor da Associação da Marinha Otomana,
  • Selos de contribuição, por sobrecarga aposta em 1915 para ajuda ao imigrante
  • Selos fiscais em 1916 para pagamento de imposto de venda de querosene (na época muito utilizado em fogareiros domésticos).
  • Selos postais em 1921 por aposição de sobrecarga, utilizada para porteamento de correspondência pelo governo de Ankara por falta de selos postais.

O capítulo de selos fiscais do Império Otomano, posteriormente Turquia, é fascinante pelo conteúdo histórico, pela pesquisa que demanda para determinar seu uso em documentos, contribuições e taxas (como explicado em outro artigo sobre o financiamento da Ferrovia de Hedjaz) e finalmente com seu uso em correspondências, por falta de selos postais.

COLOCAR ANTES DA BIBLIOGRAFIA

Bibliografia
http://maviboncuk.blogspot.com.br/2006/07/turkish-naval-league-stamps.html
http://www.stampboards.com/viewtopic.php?f=10&t=40287
Catálogo Isfila volume I, 2009
Revenue Stamps of Ottoman Empire,
Catálogo Yvert 2009
Catálogo Scott 2006

Álbum de Selos da Campanha Anti-Tuberculose no Brasil

Selo

Os selos beneficientes da Campanha Anti-Tuberculose foram emitidos por entidades (hoje seriam ONGs) de ajuda aos tuberculosos e seus familiares. Não eram vendidos nos correios, mas poderiam ser colocados em envelopes (não valendo como porte ou complemento de porte), em quaisquer documentos, ou colecionados.

Floradas na serraComprar os selos significava estar ajudando pessoas em tratamento e suas famílias, numa época em que os doentes eram extremamente discriminados. Uma ideia sobre o comportamento social pode ser vista no filme “Floradas na Serra”,  que retrata as angústias e expectativas de um grupo de tuberculosos internados em um sanatório em Campos do Jordão, numa época em que a doença era conhecida como a ‘peste branca’ e ainda provocava inúmeras mortes. Neste ambiente dramático, onde a proximidade entre a morte e a esperança de cura acentua as melhores e piores qualidades do ser humano, surge uma história de amor, intriga, superação e dor. (comentário extraído do site da Livraria Cultura).

O Álbum foi montado no programa Diagram Designer, free, baseado no Catálogo “SELOS DA CAMPANHA ANTI-TUBERCULOSE NO BRASIL” de autoria do Dr. Luiz Reginaldo Fleury Curado. Revisado e convertido para PDF em arquivo único em julho/2021, facilitando o acesso aos visitantes.

Embora considerados não filatélicos, estes selos são de uma beleza ímpar e a sua venda beneficiou milhares de tuberculosos e suas famílias.

Álbum de Tuberculose