Mesmo sendo um Herói Nacional, a Espanha não emitiu muitos selos comemorativos exultando a memória e os feitos de El Cid. Em 1937 surge um selo tipo com o cavaleiro, que se repetiria com variações nos anos de 1938, 1939, 1940 e depois em 1949 e 1950, que será objeto de estudo mais detalhado neste artigo.
Surgiu também uma série com quatro selos comemorativos em 1962 e outra com três selos, sendo um com El Cid em 1977.
A Série de 1962 – Rodrigo Diaz de Vivar, El Cid
São quatro selos, mas o que mais chama a atenção é o com a imagem do cofre de El Cid na Catedral de Burgos.
Classificação
EDIFIL | YVERT | SCOTT | VALOR | MOTIVO |
1444 | 1109 | 1121 | 1P | Escultura de Juan Cristóbal (Burgos) |
1445 | 1110 | 1122 | 2P | Escultura de Ana Hurtigton (Sevilha) |
1446 | 1111 | 1123 | 3P | Cofre, Catedral de Burgos |
1447 | 1112 | 1124 | 10P | Juramento em Santa Gadea, de Garcia Prieto |
Histórias ou Lendas?
- A história (real ou lenda) está narrada em um dos primeiro acervos da literatura castelhano, o “Cantar de Mio Cid”, e passou sem variações ao acervo místico popular, tomando como engenhosa uma narração que só nos veio demonstrar as artimanhas empregadas pelos cristãos com os judeus.
- Conta-se que Rodrigo Díaz de Vivar ao ser exilado por ordem de Alfonso VI, se encontrou perante a urgente necessidade de obter fundos com os quais seria necessário pagar a companhia dos trezentos de seus melhores cavaleiros castelhanos que o acompanharia em seu exílio. Dirigiu então à casa dos judeus burgaleses, convencendo-os que lhe adiantassem aqueles valores deixando em troca um cofre que continha todas as suas jóias. Os judeus aceitaram o trato e se apressaram em adiantar-lhe à quantia pedida. Rodrigo saiu imediatamente da cidade com seus homens, e os ingênuos judeus, ao abrirem o cofre para comprovar os tesouros que haviam adquiridos, viram que no seu interior não havia mais que pedras sem valor. e que haviam perdido a oportunidade de desfazer o trato.
- Há versões da lenda que dizem que, Cid ao tentar salvar-se do sujo engano em que estava envolvido, o paladino cristão entregou aos judeus autênticas jóias familiares do mais alto valor, porém o Senhor, querendo castigar a avareza do dois hebreus, se encarregou de convertê-las em pedras, sem que mudasse em nada a vontade ou a intenção do herói castelhano. E acrescenta-se a essa versão que, quando Cid regressou por fim a Burgos, foi resgatar as pedras entregues com o produto do despojo obtido dos mouros, e então as pedras voltaram a se transformar milagrosamente no autêntico tesouro que havia naquela data depositado nas mãos dos judeus.
- O cofre de “El Cid” encontra-se colocado sobre um suporte na parede da Capela de Corpus Christi da Catedral de Burgos.
A Série de 1977 – Monastério de São Pedro de Cardenha
Composta por três selos esta série apresenta alguns aspectos do Monastério:
Classificação:
EDIFIL | YVERT | SCOTT | VALOR | MOTIVO |
2443 | 2088 | 2070 | 3p | Vista geral externa do Monastério |
2444 | 2089 | 2071 | 7p | Claustro |
2445 | 2090 | 2072 | 20p | Sepultura de El Cid e Dona Jimena |
Histórias ou Lendas?
- Segundo as Cantigas de El Cid, ele, ao sair para seu segundo desterro deixou aos cuidados do abade, sua esposa Jimena e suas duas filhas Elvira e Sol (cujos nomes reais foram Maria e Cristina). Conta a lenda que ele e Jimena estão sepultados neste local.
- O monastério foi fundado pelos beneditinos no ano de 899, tendo sido um importante centro cultural e espiritual nos primeiros momentos da construção do Reino de Castela. Foi saqueado em 953 pelo exército de Abderraman III, a torre de vigia caiu no século X ou XI e o claustro no século XII. Historiadores beneditinos tem considerado este mosteiro como o primeiro de monges negros na Espanha
- O monastério foi abandonado em 1836 e depois ocupado por diversas ordens religiosas. Durante a Guerra Civil Espanhola foi utilizado como campo de concentração de prisioneiros republicanos.
- El Cid morreu em Valencia e seu corpo foi exumado pela esposa Jimena para ser enterrado no Monastério, aonde foi exumado várias vezes até ficar na Capela-Panteão de El Cid. As esculturas dele e de Jimena foram feitas por Alfonso X o Sábio. Hoje os restos de El Cid e Jimena se encontram na Catedral de Burgos.
- Os diversos saques que o Monastério sofreu também atingiram os restos mortais de El Cid. Seus ossos foram espalhados pelo templo e inclusive levados pelos soldados franceses (seculo XIX) como amuletos.
Os Selos-Tipo de El Cid de 1937, 38, 39, 40, 49 e 50
Foram emitidos quinze selos com o Cavaleiro El Cid no período de 1937 a 1950. Existem variações de picote, cor, tamanho, marca do impressor e valores, o que permite a sua identificação fácil.
Classificação dos Selos-Tipo de El-Cid
Observações:
1 – (*) – O Catálogo Yvert não classifica este selo.
2 – (**) – O Catálogo Scott não classifica ou classifica com marca do impressor
3 – Pró-Vítimas: Selo de Sobretaxa Obrigatória em favor de crianças vítimas da guerra. “Auxilio a Las Víctimas de La Guerra 1946”
4 – Marca do Impressor:
Tipo I – “Hija de B.Fournier-Burgos” com 15 mm
Tipo II – “Fournier-Burgos” com 10 mm
5 – Existem diferenças de cor e picote para o mesmo selo entre os dois catálogos consultados.
Curiosidades:
Encontramos em nossas buscas um souvenir com os quatro selos desta emissão (exclundo-se a sobretaxa obrigatória), autorizada pelos Correios da Espanha, porém sem valor facial, além de réplicas em metal de outros dois selos comemorativos, 1444 e 1445.
Há ainda inúmeros selos desta série com sobrecarga utilizados durante a Guerra Civil Espanhola e em ex-colonias espanholas, cuja classificação é encontrada em catálogos ultra-especializados deste período. (fig. 9).
Bibliografia:
http://www.ebay.com
http://www.caminhodesantiago.com.br/walter/lendas/cofre_cid.htm
http://www.caminodelcid.org/localidades/san-pedro-de-cardena-565122/
http://sabemosdetudo.com/cultura/ask90403-Voce_sabe_a_origem_do_Mosteiro_de_Sao_Pedro_de_Cardena_Burgos.html
Catálogo Yvert 2012
Catálogo Edifil 2012
Matéria publicada no Boletim da SPP nº 230 de dezembro de 2017