O Menor País (?) do Mundo: Sealand

Boletim da SPP nº 221 – dezembro de 2014

GEOGRAFIA

01Sealand é um principado não reconhecido pela ONU (e por nenhum estado reconhecido) localizado numa base naval inglêsa no Mar do Norte e abandonada após a Segunda Guerra Mundial, a 6 milhas (cerca de 11 quilometros) da costa de Sufolk, Inglaterra. O único acesso à base é feito por helicópteros, já que o mar revolto impede a aproximação de navios.

Antes chamada de Rough Towers, a base foi uma defesa marítima contra ataques alemães, consistindo em duas grandes torres com capacidade para 200 soldados, desativada assim que a guerra acabou.

HISTÓRIA

A instalação foi ocupada em 1965 (há relatos de ter sido em 1967) pelo ex-major britânico 02Paddy Roy Bates: seus associados e familiares afirmam que é um estado independente e soberano. Comentaristas externos geralmente classificam Sealand como uma micronação ao invés de um estado não reconhecido. Roy Bates era um excêntrico que ocupou a base navegando em seu barco frigorífico e instalou alí uma rádio pirata (Rádio Essex), sabendo-se protegido, já que a base estava fora do alcance das águas territoriais britânicas (até 3 milhas da costa), portanto, em águas internacionais.

03Em 1987 o Reino Unido declarou como águas territoriais o entorno de nove milhas de sua costa, englobando Seland. Em 1990-91 o Reino Unido apresentou evidencias em um tribunal administrativo norte-americano, que considerou que o principado jamais existiu. A família Bates não contestou, afirmando que norte americanos não tem jurisdição para determinar a legitimidade de outros estados.

Embora tenha sido descrito como menor nação do mundo, Sealand não está oficialmente reconhecido como um Estado soberano por nenhuma nação. Seu “proprietário” Roy Bates afirma que é de fato reconhecida pela Alemanha (foi visitado por um embaixador) e pelo Reino Unido (depois de um tribunal Inglês determinou que não têm jurisdição sobre Sealand).

O governo britânico já pensou em retomar a base, no entanto ela é considerada como moradia de uma família britânica, portanto propriedade privada, além de não ter efeito positivo sobre a imagem do país.

Tecnicamente falando, Sealand é um país sem território real. O “país” emitiu passaportes e tem operado como uma bandeira do estado de conveniência, além de deter o recorde mundial do Guinness para “a menor área para reivindicar a condição de nação”.

Sealand não é um membro da União Postal Universal, pois o seu endereço para o interior é uma caixa postal no Reino Unido, portanto os selos de Sealand devem ser considerados como cinderelas.

Em 1974 Roy Bates, autoproclamado Príncipe de Sealand, criou uma constituição, um hino e uma bandeira, cunhando moedas de prata e imprimindo selos para correspondências.

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Em 1978 um grupo de empresários alemães e holandeses, liderados pelo primeiro ministro de Sealand, Alexander G.Achenbach, na ausência de Roy Bates, encenou uma invasão, inclusive sequestrando seu filho e tornando todos os moradores seus reféns. Roy Bates conseguiu recuperar seu “país” prendendo e expulsando os invasores, utilizando-se de um helicóptero com armamentos. Os invasores foram 05considerados prisioneiros de guerra e repatriados. No entanto um advogado alemão portador do passaporte de Seland foi considerado traidor. A sua libertação exigiu a presença de um embaixador alemão no principado, já que a Inglaterra não pode interferir na negociação.

Em 1999 o príncipe Michael, sucedendo seu pai Roy Bates que tinha idade avançada e problemas de saúde decidiu colocar o “país” à venda em 2007, até agora sem compradores (há uma tentativa do Pirate Bay, site de pirataria, comprar para instalar lá os seus servidores, ainda não concretizada).

Em 2008 o “território” sofreu um grande incêndio, mas preservando os geradores de energia, sendo novamente reconstruido.

ECONOMIA

06A economia do principado é baseada na emissão de passaportes, venda de títulos de nobreza, selos de correio, moedas, e-mails, direitos de posse de “pedaços do território”, brindes e lembranças, além do turismo local. Os habitantes moram em instalações de aço, sujeitos ao barulho de geradores durante todo o tempo. O acesso é feito de helicóptero e visitas com hospedagem podem ser marcadas para turismo.

Curiosamente Sealand mantém um time de futebol.07 Roy Bates faleceu em 9 de outubro de 2012 aos 91 anos. Apesar de não ser considerado um estado pela ONU, nem estar vinculado à UPU, os selos e envelopes de Sealand são disputados como curiosidades ou mesmo preciosidades. Uma busca simplificada no eBay apresentou 56 resultados, enquanto no Delcampe cerca de 80, incluindo envelopes circulados, selos e blocos.

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Bibliografia:

http://www.sealandgov.org/
http://www.sealandgov.org/shop.html#Stamps
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1411897-5602,00.html
http://rainbowstampsandcoins.blogspot.com.br/2011/04/microstates-01-principality-of-sealand.html
http://micronations.wikia.com/wiki/Sealand
Guinnes Book

Publicado na Revista Opinias em março/2015
http://opinias2014.blogspot.com.br/2015/03/sealand-o-menor-pais-do-mundo.html

Museus: As Coleções Criam Conexões

EXPOSIÇÃO FILATÉLICA DE ITAQUAQUECETUBA
12 a 18 de maio de 2014 – Boletim Informativo da SPP nº 220 – Agosto de 2014

ITAQUAQUECETUBA, SUA HISTÓRIA

A cidade de Itaquaquecetuba deve sua criação ao então presidente da província, Bernardo João Pinto Gavião Peixoto, com o nome de vila Nossa Senhora d’Ajuda, em 7 de setembro de 1560, sendo estabelecida na beira do Rio Tietê quando o padre José de Anchieta, juntamente com vários missionários, chegou à região com a finalidade de catequizar os índios guaianases.

A população começaria a crescer apenas em 1624, quando o padre João Álvares, construtor da capela da Conceição de Guarulhos e também da de São Miguel, decidiu levantar em sua propriedade localizada bem ao lado da aldeia de Itaquaquecetuba, um oratório em louvor a Nossa Senhora d’Ajuda que, em seguida, tornar-se-ia capela “que serviu de núcleo à povoação, legando-a, por sua morte, ao colégio dos jesuítas”. Este foi o marco inicial da povoação, que logo viria a se fixar em seu redor, com o nome, de Nossa Senhora da Conceição de Itaquaquecetuba, elevado à categoria de freguesia pela lei nº 17, de 28 de Fevereiro de 1838. A denominação reduzida para Itaquaquecetuba ocorreu somente no século XX, quando se separou de Mogi das Cruzes com sua elevação a município, pela lei Nº 2.456, de 30 de dezembro de 1953.

O primeiro censo realizado na Aldeia de Nossa Senhora d’Ajuda, em 1765, apresentou os seguintes resultados: 109 mulheres e 117 homens. Pouco cresceu a aldeia durante os próximos quase duzentos anos. Foi com a inauguração da variante da Estrada de Ferro Central do Brasil em 1925 que Itaquaquecetuba começou a crescer e a prosperar. A população segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2010 é de 321 854 habitantes e a área é de 81,8 km². Está a 42,5 quilômetros de São Paulo, capital estadual.

“Itaquaquecetuba” é um nome de origem tupi que significa “ajuntamento de taquaras-faca”, através de junção dos termos takûara (taquara), kysé (faca) e tyba (ajuntamento).

12ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS

Ocorre anualmente em celebração ao Dia Internacional dos Museus, 18 de maio em âmbito mundial. No Brasil o evento é realizado por intermédio do Ministério da Cultura através do Instituto Brasileiro de Museus, IBRAM. O município de Itaquaquecetuba foi convidado a participar, e aceitando a nobre tarefa promoveu uma Exposição Filatélica no período de 12 a 31 de maio de 2014.

O evento teve a coordenação do Sr. João Roberto Baylongue, membro da SPP, presidente da Associação Brasileira de Carimbologia e diretor da empresa JRB Pesquisas, tendo uma programação variada sobre a filatelia e montagem de coleções:

  • Oficina de Práticas de Organização de Coleções de Selos
  • Tema aberto ao público de Como iniciar uma coleção, com exibição de filme
  • Encontro ”Promover a interação do educador nas diversas coleções”
  • Ação educativa através da recepção, orientação e participação dos estudantes e público em geral
  • Exposição Filatélica com o tema Filatelia “As Coleções Criam Conexões”

A Exposição e Encontro de Colecionadores de Itaquaquecetuba teve o apoio da Prefeitura Municipal, da Diretoria Regional dos Correios de São Paulo Metropolitana, da Federação das Entidades Filatélicas do Estado de São Paulo, da Associação Brasileira de Jornalistas Filatélicos e da Sociedade Philatélica Paulista, SPP.

Foram expostas 15 coleções de 13 filatelistas, sendo 8 coleções de membros da Sociedade Philatélica Paulista:

  • Cinco Continentes, de Rosa Sazatornil Angulo
  • Arte em Exposição, de Teruya Kazama
  • Visitando a Região, Carimbologia Regional, de Antonio Carlos Fernandes
  • Escravidão no Brasil, Presidentes da República, de Roberto Antonio Aniche
  • Homenagem a Ferraz: Vinicultura, de Reinaldo Basile
  • Trilhos do Passado, Ferrovias de Hoje, de Vilmar de Jesus Brito

SAMSUNG CAMERA PICTURESNo sábado 17 de maio, o filatelista Dr. Roberto Antonio Aniche promoveu uma palestra sobre a coleção “Escravidão no Brasil” explicando este período da história do Brasil nos seus aspectos políticos, sociais e econômicos, com boa afluência de visitantes, incluindo membros da SPP e do Clube Filatélico de Suzano com grande repercussão sobre o delicado tema.

Por iniciativa e criação do Sr.João Roberto Baylonge foi ministrado um curso permanente durante toda a exposição através de 5 quadros da exposição:SAMSUNG CAMERA PICTURES

  • Como conseguir seus selos
  • Lavando os selos
  • Secando e selecionando
  • Materiais filatélicos
  • Montagem de coleção

mostrando, de uma maneira didática, simples e eficiente como iniciar uma coleção de selos a todos os interessados nesta arte.

SAMSUNG CAMERA PICTURESA Exposição no Museu Municipal de Itaquaquecetuba foi visitada por aproximadamente 1.100 pessoas, entre público, estudantes e professores. Nesta última categoria a Exposição teve a presença de cerca de 100 professores nas oficinas de filatelia, adquirindo conhecimentos de forma pedagógica para levar até as salas de aula a importância do colecionismo na educação dos jovens.

Iniciativas como esta, valorizando e mostrando a Filatelia ao público em geral, a estudantes e professores, a clubes filatélicos e a filatelistas, como instrumento de cultura e divulgação de todos os ramos do conhecimento humano conseguem fortalecer e tornar a sociedade melhor, construindo alicerces para um futuro promissor.

A Filatelia, com seu imenso potencial pedagógico, pode transformar aulas “comuns” em aulas animadas, interessantes e motivadoras, em vista das possibilidades de desenvolver nos alunos o gosto pelo estudo e pelo processo de construção do conhecimento. Contribui significativamente para aumentar o senso de observação e análise, estimula a criatividade, desenvolve habilidades e incentiva a sociallização, bem como o interesse dos alunos em realizar pesquisas e ilustrar trabalhos escolares com imagens de selos sobre os mais diversos temas relacionados ao Brasil e o mundo.” (João Roberto Baylongye).

 

Fotografias:

1 – Dr.Roberto Aniche em palestra sobre a sua coleção “Escravidão no Brasil”
2 – Público presente às explicações das coleções
3 – Antonio Carlos Fernandes e João Roberto Baylongue, curador da exposição
4 – Almoço de confraternização: Teruya Kazama, João Roberto Baylongue, Antonio Carlos Fernandes e Dr.Roberto Aniche

Amigos Temporários e Grandes Amigos

Um mês sem comparecer à SPP é tempo demais e me trouxe a necessidade de voltar a ter o contato com todos os que a fazem ser como ela é: um local de descontração, troca de conhecimentos ou até para passar o tempo sem os aborrecimentos do nosso dia a dia.

Tive (e ainda tenho) um problema de saúde que me afastou nestes últimos trinta dias, não só das minhas atividades filatélicas, mas também do meu trabalho e do meu convívio social. Fui colocado de castigo pós-cirúrgico, de bengala e sem dirigir. Mas neste aniversário de 95 anos da SPP alguma coisa teria que mudar.

A dificuldade de me locomover até o Largo do Paissandu foi contornada. Quando digo que colecionar selos não é guardar peças filatélicas no cofre, mas guardar amigos e amigos no cofre do coração não estou exagerando. O problema foi contornado pelo Dr. Braz, mais do que nosso conselheiro jurídico, que teve o prazer de passar em casa e levar, eu e meu amigo temporário, a minha bengala, para a nossa sede. Sai da minha toca e chegeu à SPP.

01A conversa flui agradável e não poderia ser diferente. Todos, na SPP deixam de fora os problemas cotidianos para entrar num universo mágico de descontração e fraternidade. O churrasco, como sempre, estava insuperável. O mestre Miguel, especialista na arte, fez o melhor que pode. A cada evento ele se supera, dono de um enorme bom humor.

Sermos servidos, eu e minha bengala, pelo Miguel foi outro prazer indescritível. Fotografias à parte, ela, a bengala foi a alegria da festa: ela sofreu algumas tentativas de sequestro, mas sempre me servindo para as poucas caminhadas que precisei fazer. Nunca me havia atentado para o quão grande é o nosso salão social e como é difícil vencer pequenas distâncias sem minha amiga temporária.

Encontrar os amigos na SPP trouxe uma alegria inusitada no sábado de aniversário. Sérgio Marques, Cláudio, Tony, Antonio Carlos, nosso presidente o Basile, o velho amigo Alfredo e o Baylongue, e tantos outros que não caberiam neste artigo (e que peço desculpas por não citá-los um a um) todos incansáveis defensores da filatelia e da SPP e guardados no cofre dos amigos.

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Diversões e divagações à parte, o Leilão Beneficiente foi como sempre divertido e concorrido. Apenas um momento de tensão: alguém passou a minha querida bengala junto com as peças, imediatamente recuperada e salva no último instante! Já imaginaram ter que pagar para reconquistar uma amiga recente e indispensável?

Hora de ir embora. A solicitude do amigo Dr.Braz me levando até minha residência, com uma conversa agradável de velhos amigos fechou o sábado com chave de ouro. Eu insisto com a tese, comprovada inúmeras vezes: colecionar selos é encher o cofre do coração de amigos, o cofre do cérebro de conhecimentos e o cofre de alma dos mais sinceros sentimentos de amizade, fraternidade e humildade, que nos enriquecem ao extremo.

Esta é a minha SPP, aonde cada aniversário a torna maior no número de amigos e conhecimentos, em grandeza e humildade. Não esqueci a minha bengala, amiga temporária que me fez ver quantos amigos permanentes eu já fiz na estrada da vida.

Dela, espero me esquecer em breve, dos outros amigos, jamais!

Abril/2014

 

O Extinto Pássaro Dodô

BOLETIM DA SPP Nº 219 – ABRIL/2014

O EXTINTO PÁSSARO DODÔ

01 PASSARO DODOO Pássaro Dodô, também chamado de Dronte (Raphus cucullatus) foi uma ave não-voadora extinta das Ilhas Maurícias, uma das ilhas Mascarenhas na costa leste da África, perto de Madagascar, no Oceano Índico. A ave mais próxima geneticamente foi a também extinta solitário-de-rodrigues, também da subfamília Raphidae da família das pombas; sendo que a mais semelhante ainda viva é o pombo-de-nicobar.

O dodó tinha cerca de um metro de altura e podia pesar entre 10 e 23 quilos. A aparência externa é conhecida apenas por pinturas e textos escritos no século XVII, e por causa dessa considerável variabilidade a aparência exata é um mistério. Pouco se sabe com exatidão sobre o habitat e o comportamento, pois há poucos e discordantes textos descritivos: plumagem cinza acastanhado, pata amarela, um tufo de penas na cauda, cabeça cinza sem penas, e o bico de cerca de 23 centímetros, amarelo e verde.

A moela ajudava a ave a digerir os alimentos, incluindo frutas, e acredita-se que o principal 02 SELO MAURICIOhabitat tenha sido as florestas costeiras nas áreas mais secas das Ilhas Maurícias. As pedras da moela do Dodô eram de basalto (segundo alguns textos) e não existiam no local onde tinham sido desenterrados os ossos do dodó, mas a milhas de distância. Essa pedra ia crescendo á medida que crescia a moela, até atingir proporções do tamanho de um ovo de galinha. A pedra da moela dos dodós era a preferida para amolar facas!

Presume-se que o dodó tenha deixado de voar devido à facilidade de se obter alimento e a 03 SELO MAURICIOrelativa inexistência de predadores nas Ilhas Maurícias.

A primeira menção ao dodó do qual se conhece foi através de marinheiros holandeses em 1598 (os portuguêses visitaram a ilha em 1507, mas não fizeram relatos da ave). Nos anos seguintes, o pássaro foi predado por marinheiros famintos; seus animais domésticos e espécies invasoras que foram introduzidas durante esse tempo alimentavam-se dos ovos nos ninhos. A última ocasião aceita em que o dodó foi visto data de 1662. A extinção não foi imediatamente noticiada e alguns a consideraram uma criatura mítica. No século XIX, pesquisas conduziram a uma pequena quantidade vestígios, quatro espécimes trazidos para a Europa no século XVII. Desde então, uma grande quantidade de material subfóssil foi coletado nas Ilhas Maurício, a maioria do pântano Mare aux Songes.

04 SELO MAURICIOA extinção do Dodô em apenas cerca de um século após seu descobrimento chamou a atenção para o problema previamente desconhecido da humanidade envolvendo o desaparecimento por completo de diversas espécies.

As primeiras descrições conhecidas destas aves foram feitas pelos holandeses, que chamaram o pássaro mauriciano de walghvogel ( “pássaro chafurdador” ou “pássaro repugnante”), em referência ao 05 PASSARO DODOseu gosto. Embora muitos escritos posteriores digam que a carne era ruim, os primeiros jornais apenas diziam que a carne era dura, mas boa, embora não tão boa como a dos pombos, abundantemente disponíveis. O nome walgvogel foi usado pela primeira vez na revista do vice-almirante Wybrand van Warwijck que visitou a ilha em 1598 e denominou-a Maurícia.

Alguns autores atribuem o nome Dodô à palavra holandesa dodoor para “preguiçoso”, mas ele provavelmente está relacionada à dodaars (“nó-bunda”), referindo-se ao nó de penas sobre o traseiro do animal. O primeiro registro da palavra dodô está no relato do capitão Willem van Westsanen de 1602. Thomas Herbert usou o termo Dodo em 1627, mas não está claro se ele foi o primeiro a vê-lo, pois os portugueses já haviam visitado a ilha em 1507, embora não06 SELO LAOS tenham mencionado a ave. De acordo com o Microsoft Encarta e o Chambers Dictionary of Etymology, Dodo seria derivado do português arcaico doudo (atualmente doido). Também há textos afirmando que o nome foi uma aproximação onomatopaica do som que elas produziam, um piado de duas notas, que soava como “doo-doo”.

O último dodó foi morto em 1681, e não foi preservado nenhum espécime completo, apenas uma cabeça e um pé. Os restos do último dodó empalhado conhecido tinham sido mantidos no Ashmolean Museum em Oxford, mas em meados do século XVIII, o modelo – salvo as peças ainda existentes hoje – estava completamente estragado e foi jogado fora.

Em 1681, menos de 100 anos depois da chegada dos holandeses à ilha, o dodô foi declarado oficialmente extinto. Hoje, tudo o que resta do animal são esqueletos em museus na Europa, nos Estados Unidos e também em Maurício. A ciência garante que três espécies de dodó se extinguiram nas três ilhas nos três últimos séculos, e que só uns treze animais vivos viajaram das Mascarenhas para outras partes do mundo, entre elas um para o Japão.

Por fim, o Pássaro Dodô ficou imortalizado por fazer parte do desenho animado Alice no País das Maravilhas, de Walt Disney, sendo parte da cultura popular, frequentemente como um símbolo da extinção e obsolescência sendo frequente o seu uso como mascote das Ilhas Maurício.07 DISNEY PASSARO DODO

Bibliografia:
Mundo Estranho – Abril
Wikipedia.org
Infoescola.com
br.monografias
girafamania.com.br

Os Três Patetas

Boletim da SPP nº 218 – Dezembro/2013

OS TRÊS PATETAS

Título de uma grande série de comédias tipo “pastelão” que surgiu com a iniciativa de Moe Howard, (Moses Horwitz).

PARTE I – BIOGRAFIAS

MOE HOWARD (Moses Horwitz, 1897-1975) inicia sua carreira em 1909 nos estúdios da Vitagraph, Brooklin. Moe casou-se com Helen Schonberger, que era uma prima de Harry Houdini, o famoso mágico. Ted Healy e seus Patetas fizeram sua primeira aparição na tela na comédia “Uma noite em Veneza e Soup to Nuts”. Estas películas foram seguida por uma série de comédias para a Metro Golden Mayer.

Em 1934, Moe Howard, Larry Fine, e Jerome Howard Curly, assinaram um contrato com os Columbia Studios como Os Três Patetas para fazer filmes curtos que são vistos até hoje na televisão. Em 1958, Moe e Larry juntaram-se a Joe DeRita para continuar os Três Patetas, depois da morte de Curly. Continuaram atuando até que em 1970 Larry sofreu um infarto durante o as gravações do filme “Kook’s Tour ” . Como Larry ficou incapacitado para continuar as gravações, Moe e Joe curly pensaram em substituí-lo por Emil Sitka, mas os Três Patetas jamais retornariam às telas novamente.

LARRY FINE (Louis Fienberg, 1902-1975) Quando criança, Larry sofreu um acidente na relojoaria de seu pai tendo o braço esquerdo queimado por um ácido usado na manutenção de relógios e jóias. Larry necessitou de tratamento especializado e um implante da pele foi feito em seu braço. Os médicos de Larry recomendaram que ele fizesse lições do violino como fisioterapia. Com o tempo Larry começou a tocar violino profissionalmente. Atuou em casas noturnas como violinista e eventualmente lutador de boxe. Mais tarde, desenvolveria um show em que faria uma dança russa ao tocar o violino. Foi este número que chamou a atenção de Ted Healy, atuando ao lado de Moe e Shemp.

CURLY HOWARD (Jerome Lester Horwitz, 1903-1952) Curly se interessou pelo show business vendo seus irmãos mais velhos, Shemp e Moe atuarem com os Patetas no show de Ted Healy. Depois que Shemp saiu do show de Healy, Moe sugeriu a Healy que seu irmão mais novo, Jerome substituisse Shemp. Quando Curly foi conversar com Teddy Healy pela primeira vez, tinha cabelos castanhos fartos e ondulados e um belo bigode que Teddy mandou que raspasse imediatamente. Curly acabou aceitando raspar a cabeça e o bigode como condição para entrar para os Patetas. Conhecido agora como Curly, mergulhou com os Patetas nos shows de vaudeville e as comédias curtas da MGM. Em 1934, Curly se uniu a Larry e Moe e fizeram muitos curta-metragens para a Columbia Pictures. Casou-se quatro vezes e morreu infartado aos 48 anos de idade.

01 Cedula Fantasia

02 Bloco GuyanaSHEMP HOWARD (Samuel Horwitz, 1895-1955) Shemp trabalhou com seu irmão Moe em vários shows amadores de vaudeville até 1922 quando Ted Healy o convidou para participar de seu show, juntamente com Moe. Em 1930 Larry juntou-se a Moe, Shemp e Ted Healy. Em 1930, filmaram “Soup to Nuts”. Healy saiu da JJ Shubert Broadway, deixando Moe e Larry sozinhos. Shemp decidiu permanecer com show aparecendo em filmes da RKO, da MGM, e da Monogram. Nos anos 1940 apareceu em numerosos filmes da Universal. Depois que Curly deixou o grupo por causa de sua doença, Shemp tornou-se um dos Três Patetas. Shemp fez 77 curta-metragens com os patetas e também um filme sobre a corrida do ouro chamado “Gold Raiders” (1951).

JOE BESSER (1907-1988) Após a morte de Shemp Howard em 1956, os Patetas substituíram03 SDelo Dominica-no por Joe Besser. Seus pais eram judeus ortodoxos e imigraram da Polônia em 1895 para os EUA. Em 1928 se estabeleu como um comediante solo. 

Em 1956. Joe deixou os Três Patetas e teve uma carreira bem sucedida da televisão. Em 1 de março de 1988, Joe morreu durante o sono de infarto em sua casa, ao norte de Hollywood.

04 FDC CurlyJOE DERITA, CURLY JOE (Joseph Wardell, 1909-1993) Joe era único dos Patetas a vir de uma família do show bizz. Joe entrou para o show business aos sete anos de idade. A estréia de Joe no cinema foi em “The Doughgirls” em 1944 para a Warner. Fêz diversas excursões com Bing Crosby para entreter recrutas na Inglaterra e na França. Em 1958 o departamento de curta-metragens da Columbia fechou e os Três Patetas tiveram seu contrato rescindido. Joe Besser não quis viajar pelo país com o show e Moe e Larry necessitaram de um novo pateta. Joe DeRita foi convidado a juntar-se a eles e foi nessa época que os patetas fundaram a Comedy III Productions, Inc., uma companhia que até hoje têm os direitos dos filmes dos Três Patetas . Joe DeRita morreu em 3 de julho de 1993 no Motion Picture Hospital in Los Angeles. Ele foi o último Pateta.

PARTE II – A HISTÓRIA

A história dos Três Patetas tem uma área escura. Nos bastidores do sucesso se esconde a vida sofrida dos protagonistas, que jamais foram reconhecidos enquanto vivos, foram explorados e jogados fora pelos Estúdios Columbia.

Os irmãos Moe e Curly Howard e Larry Fine eram uns garotos da classe operária quando começaram a trabalhar no gênero do vaudeville, na década de vinte. Nas duas décadas seguintes e no começo dos anos cinqüenta, eles filmaram uns duzentos curtas para a Columbia Pictures, mas foram objeto de uma exploração selvagem pelo empresário deles, Harry Romm, e pelo estúdio, que na época era dirigido por Harry Cohn.

Se bem The Three Stooges não tinham o prestígio de outros cômicos -os curtas deles eram exibidos nos cinemas como complemento de outros filmes-, a Columbia faturou uma fortuna com eles.

A realidade é que a vida dos reis do pastelão não tinha nada de engraçado. Curly era alcoólatra, vivia submetido a paixões que só lhe traziam sofrimento e padecia uma apoplexia que o levou à morte aos 48 anos. No seriado foi substituído por Shemp Howard, irmão mais velho de Moe e Larry, que também morreu cedo; Joe e, no final, por Curly-Joe.

Larry era viciado em jogo. Essa doença fez com que vivesse endividado. E Moe, que era o mais estável, jamais conseguiu superar o destrato dos empresários.

Eles não ganhavam bem, mas tinham trabalho e isso já era muito bom para quem havia atravessado a grande depressão dos anos vinte. Jamais foram cientes da dimensão da popularidade deles.

Em 1958, a Columbia decidiu cancelar as filmagens e eles foram demitidos. Moe chegou a trabalhar como mensageiro dos estúdios e anos depois foi até barrado na porta um dia em que foi visitar velhos colegas.

Na década de sessenta os curtas ressurgiram na televisão e Os Três Patetas ganharam uma nova fama que até hoje continua, pois o seriado é ainda exibido em dezenas de países.

Os herdeiros deles se deram bem: a marca The Three Stooges tem mais de cem franquias para roupa, brinquedos, guloseimas e merchandising.

06 Cartaz

ROBERTO ANTONIO ANICHE

 

Fontes:
wikipedia.com
diversos sites dedicados aos Três Patetas
eBay

Palavras estranhas em filatelia

Boletim da SPP nº 217 – Agosto/2013

Quando digo que filatelia é mais do que a arte de colecionar selos, mas principalmente a arte de aprender adquirindo uma cultura universal e muitas vezes inusitadas eu não me engano. Ao lado de peças filatélicas realmente de alto valor financeiro existem as peças filatélicas realmente preciosas como cápsulas de cultura que nos levam a viajar e buscar sua interpretação.

02 Selo JamboreeVejamos, em julho de 1965 o Correio emitiu um selo comemorativo e uma folhinha filatélica em homenagem ao 1º Jamboree Panamericano de Escotismo no Rio de Janeiro.

O que é um “Jamboree”? Resultado da pesquisa: Jamboree são acampamentos internacionais de escoteiros, guias e bandeirantes que se realizam periodicamente, o maior dos quais é o Jamboree Mundial. Surgiu na mente do seu fundador, Baden-Powell, após a Iª Guerra Mundial, onde muitos Escoteiros e Chefes de vários países tombaram. Baden-Powell imaginou um encontro de amizade e perícia escutista, e assim sucedeu no ano de 1920 em Londres, com a presença de Escuteiros de 34 países e territórios do Império Britânico. Pesquisei mais ainda e encontrei uma fantástica coleção do Roberto Basso de Santa Catarina:

http://www.filatelista-tematico.net/roberto/escoteiro.html

Pesquisando outros termos, existem tres carimbos interessantes sobre o Encontro dos Malacologistas do Brasil no Catálogo Zioni. Outra pesquisa para descobrir esta nova palavra: ramo da biologia que estuda os moluscos (uma classe de invertebrados que vivem dentro e fora de conchas). O estudo das conchas é chamado de conquiliologia. Pesquisando encontrei na internet o site dos estudiosos e colecionadores delas:

http://www.conchasbrasil.org.br/default2.as

O primeiro selo postal de Bahamas foi emitido sem picotagem em 10/06/1859 com valor facial de 1 pêni vermelho (1d red; Scott: 1, SG: 2), além da efígie da monarca ele incluiu um abacaxi e uma concha estilizada que, por razões óbvias deve ser a concha-rainha (Strombus gigas), provavelmente. Em 1863 o mesmo selo foi emitido com picote e com as imagens mais nítidas. (informação do site www.girafamania.com.br).

Para terminar, encontrei Columbofilia, columbismo ou columbicultura:  a prática da criação, seleção e cultivo de pombos-correio para competição. Pombos-correio foram utilizados para mensagens em todas as épocas, principalmente nas guerras mundiais. Entre os meios de comunicação existentes houve o transporte “aéreo” através de andorinhas bem treinadas e, mais tarde, dos pombos-correio, até hoje acionados em diferentes emergências… (www.girafamania.com.br)

08 Soldado com pombos-correioCerca de 250.000 pombos-correios foram utilizados durante a Segunda Guerra Mundial, em particular para transmitir informações entre o continente ocupado e a Inglaterra.

Em 1952 foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Columbofilia com o respectivo carimbo comemorativo. Em 1963 o Brasil emitiu um bloco para comemorar o terceiro centenário do Serviço Postal no Brasil com a imagem de um pombo carregando a faixa comemorativa.

Encontrei dois sites de columbófilos: no Brasil em www.columbofilia.com.br e em Portugal: www.columbofilia.net, mas não achei nenhuma coleção exposta sobre pombos-correio para informar.

09 FDC Columbofilia

10 Bloco Servico Postal Brasileiro

Em poucas linhas descobri que o universo filatélico é infinito. Destes tres assuntos com palavras pouco usuais podemos iniciar coleções maravilhosas, com selos, envelopes, cartões, inteiros, mas com a certeza de que estarão enriquecidas com o conhecimento que só a filatelia consegue incentivar.

Roberto Antonio Aniche

 

Sepulturas e Cemitérios

Coleção de um quadro exposta na Brapex em novembro de 2015, Afinet em agosto de 2016, Expo-SPP em agosto de 2017 e Brapex em Outubro de 2017 em Brasília.

A coleção foi iniciada a partir de uma única peça, o Cartão Postal circulado em 1938 autografado por Clélia Garibaldi, filha de Giuseppe Garibaldi, comprada na Filatélica Marek, em São Paulo, como curiosidade. Clélia Garibaldi criou um Museu em memória de seu pai e vendia souvenirs, como este cartão autografado, para auxílio aos órfãos. A partir dai, foram cinco anos garimpando peças que trouxessem imagens de sepulturas e cemitérios para concluir a coleção.

Somaliland e os Ursos da Coca-Cola

Boletim da SPP nº 216 – Abril/2013

Continuo encontrando “coisas incríveis” travestidas de selos e blocos. Debruço-me com um bloco de 6 selos com nus não artísticos de uma tal de Republic of Somaliland, ladeado por vinhetas da Coca-Cola  (de novo!) , um cabeçalho aonde se lê: “Mel Ramos Pop Art Images”.

Os seis “selos” são incríveis: cada um tem um alimento e uma mulher, aparentemente tratada de maneira convincente com algum programa tipo PhotoShop para parecer um desenho mais realista.

De posse desta peça vamos em busca de informações: Somaliland é um Estado não-reconhecido internacionalmente. Embora pertença oficialmente à Somália, a região declarou unilateralmente sua independência em 1991 e, atualmente, é um estado de fato (dados da Wikipédia). Tem uma população estimada em 3,5 milhões (2008) de habitantes, com capital na cidade de Hargeisa,  área de 137.600 km², seu presidente é Ahmed Mahamoud Silanyo. Tem até Hino nacional e três línguas oficiais: somali, inglesa e árabe.

A primeira controvérsia é a religião, predominantemente islâmica, que impede que mulheres descubram o corpo. A situação foi contornada com a modelo, tipicamente não árabe, portanto teoricamente não violaria as Leis Islâmicas.

Mas o mais interessante foi pesquisar sobre Mel Ramos. Artista californiano, Mel Ramos (Mel é nome masculino nos Estados Unidos), é particularmente conhecido por suas pinturas sugestivas da década de 1960, que combinam mulheres nuas com produtos comercias e até animais.

Em 1967, uma mostra de Ramos numa pequena galeria em Colônia sofreu interferência da polícia, que invadiu o local e cobriu o trabalho do artista com panos para “proteger os inocentes”. Em termos da arte o que a faz interessante e provocativa  é que ele mistura imagens de anúncios e pin-ups. São coisas que normalmente não combinam: cigarros não são tão sexy assim, nem peças de automóvel, nem queijo. Mas ele misturou isso tudo, revelando uma tendência da publicidade moderna desenvolvida na década de 60: as companhias sexualizaram seus produtos ao mostrar mulheres atraentes ao lado deles.

Uma busca no Google sobe Mel Ramos mostra centenas de desenhos, inclusive todos os utilizados nos “selos”. Com certeza ele, na época que iniciou seus trabalhos não usava o PhotoShop porque não existiam computadores pessoais, mas era de uma criatividade e competência sem par.

Quanto aos nossos “selos”, tem indicativo da moeda utilizada em Somaliland, mas não tem o ano, trazem cada um uma arte de Mel Ramos sobre alimento, uma pin-up com seu nome ao lado. Fiz extensas buscas de selos de Somaliland, encontrei selos “sérios” do domínio britânico, do domínio espanhol, da independência e união dos estados constituindo a Somália e selos pós-separação do Estado de Somaliland.

A primeira parte, pré-independência da Somália (britânica e italiana) pode ser uma das mais apaixonantes e caras coleções. Selos da Somália podem montar um belo álbum, sem grandes preocupações. Mas selos da Somaliland retratam de Elvys Presley a James Bond, Presidentes e cantores Norte Americanos, Titanic, a Rainha Elizabet II, Charlie Chaplin, etc.  Em buscas na internet Somaliland não consta do site da colnect.com e não achei catálogos. Acredito que os “selos” em questão são produtos da imaginação fértil de alguma empresa enganando filatelistas (ou tornando suas coleções mais “sexys”). Se fossem licenciados por Mel Ramos deveria haver a indicação do copyright.

Não tenho dúvidas de uma única coisa: estes souvenirs jamais serão colocados à venda em um estado tipicamente muçulmano… por razões óbvias, eles não devem gostar de coca-cola…

SomalilandRoberto Antonio Aniche

 

Ursos Polares e Coca-Cola no Tadjiquistão

Boletim da SPP nº 215 – Dezembro de 2012

Deparo-me com uma folha de nove selos de um lugar chamado Tadjiquistão tendo como motivo o urso da Coca-Cola. A borda da folha é composta pelo logotipo e por garrafas da dita bebida, da qual já fui um apreciador imoderado. Aqui estão os problemas: Tadjiquistão, pelo nome deve ser um território, estado ou país do fim do mundo, lá pela Rússia, o nome diz isso. Não vou discutir o apelo para a Coca-Cola: tem gente que gosta de selos com super-heróis, Barbie, Mickey & Pateta, distintivo de clubes, foguetes, discos-voadores, heróis de mangás, Capitão Kirk, Spock e até criaturas fantásticas do Harry Potter, cada um tem o seu poder de decisão e nós respeitamos a todos.

O Tadjiquistão é um país montanhoso, encravado na Àsia Central, ao norte do Afeganistão, fazendo fronteiras com Uzbequistão ao oeste, Quirguistão ao norte, e a República Popular da China ao leste. O Tadjiquistão se tornou independente para fazer sua própria guerra civil de 1992 a 1997, estabilizando-se e mantendo a sua economia baseada em algodão e alumínio. A população é muito pobre, cerca de US$ 1,25 por dia por habitante, mas tem 98% da população alfabetizada!

A história remonta 3.000 anos, iniciando-se como colonia dos persas, sofrendo a invasão macedônica de Alexandre o Grande, lá pelos idos de 327 aC passando pelos árabes que impuseram o islamismo ao seu povo. Em seguida mongóis e russos ali se estabeleceram e ela passou a fazer parte da República Socialista Soviética. Em 1991 tornou-se independente para fazer a sua própria história.

Já a Coca-Cola começa com o farmacêutico John Pemberton chegando na cidade de Atlanta nos Estados Unidos, logo após a Guerra Civil americana (na qual ele foi um soldado). Era um péssimo vendedor e sempre fracassou em suas criações até conhecer o contador Frank Robinson, que acaba tornando-se seu sócio. Lançam em 1884 a “Pemberton’s French Wine Coca”, tida como estimulante cerebral (!!), mas que continha álcool em sua fórmula (alguém lembra do Biotônico de antigamente?), mas em 1886, graças ao excesso de religiosidade do povo norte-americano, todos os locais que vendiam a tal bebida foram fechados.

Em 8 de maio de 1886 surge a nova bebida, um xarope sem álcool, servida em copos de vidro e misturada à água carbonatada na hora de servir.  O logo foi criado em 1886 e já no primeiro ano, 1887, apresentou um grande prejuízo. Pemberton, doente, vendeu a fórmula em 1888 por US$ 1.750.  Frank Robinson procura pelo empresário e farmacêutico Asa Griggs Candler que compra a fórmula por US$ 2.300. A empresa foi registrada em 1893 e em 1897 começa a invadir o mundo. 

Na Primeira Guerra Mundial, a Coca-Cola era a maior consumidora de açúcar do mundo, e na Segunda Guerra monta engarrafadoras nos países em guerra para servir a bebida aos soldados americanos com aprovação do general Dwight D. Eisenhower. Assim chega ao Brasil junto com as bases aéreas e marítimas cedidas pelo presidente Getúlio Vargas aos norte-americanos, inaugurando em 18 de abril de 1942 a primeira fábrica no Brasil, em São Cristóvão, Rio de Janeiro. Em 1943 entra com um marketing agressivo patrocinando programas de rádio (Um Milhão de Melodias), fazendo concursos, promovendo colecionismo de garrafas, brindes, tampinhas, miniaturas com presença forte na mídia.

Nunca se conseguiu provar que a Coca-Cola tivesse em sua composição drogas como a coca, nem que desentope pias e dissolve pregos. A sua fórmula se mantém secreta no mundo inteiro.

No fundo não consegui entender o que os selos homenageando o urso da Coca-Cola fazem na República do Tadjiquistão. A não ser que a população, de quase sete milhões de habitantes, predominantemente islamita num clima semi-árido já esteja subjugada à Coca-Cola (somente 1,8% do seu território tem água). Também não existem ursos polares no Tadjiquistão, principalmente os domesticados e apreciadores da referida bebida.

Mas afinal de contas, o que é que eu tenho a ver com tudo isso? Sei lá, acho que nada mesmo, apesar de ser um apreciador de uma Coca-Cola com limão e gelo e admirar ursos polares, estes de longe, muito de longe.

CocaColaRoberto Antonio Aniche

 

Discos Voadores em Kalmykia

Boletim da SPP nº 214 – Agosto/2012

Há tempos venho buscando novas peças filatélicas, e até por um incentivo ao ver a Coleção de Materiais Diferenciados do Julio da Filatelia 77 comecei a procurar peças diferentes para uma simples acumulação. Aquela história de procurar selos de cortiça, com lava de vulcão, cristais (aguardem em breve as falsificações que certamente irão aparecer), revelou-se extremamente produtiva e interessante.

Imensos blocos que utilizam quase uma folha de A4, outros com forma de golfinho, selos em todos os formatos (principalmente de Tonga). Mas os selos que mais me chamaram a atenção não tem formas nem materiais diferentes do lugar-comum do papel, dentenação e tinta colorida.

São seis selos em se-tenant de um lugar chamado KALMYKIA retratando nada menos do que “DISCOS VOADORES” !!! Kalmykia deve ser um lugar perdido em qualquer lugar da Ásia ou no meio de esquimós, e deve ter seguramente um espaçoporto estelar. Fui à pesquisa. Imaginem a filatelia daqui a cem anos: selos de bases na Lua ou Marte, bases americanas, russas e chinesas. Envelopes com carimbos tipo “Via Discovery”, carimbos de devolução por endereço incompleto. Se o nosso celular já tem nove números, como será em 2112?

Mas vamos lá:

A República da Kalmykia é uma república constituinte da Federação Russa situada a sul do rio Volga, às margens à noroeste do Mar Cáspio. Ele compartilha sua fronteira sudeste com o Daguestão. O povo Calmuque é responsável ​​por cerca de 53% da população. O restante desta população é sua maioria etnia russa.

Os calmuques (ou calmucos) são descendentes de pastores mongóis nômades que viajajaram para o oeste nos séculos XVI e XVII em busca de pastagens, se estabelecendo ao redor do rio Volga. Depois de um juramento de lealdade ao czar que foi concedido seu estabelecimento naquela região em troca de serviços em terras da Rússia como guardas da fronteira oriental. Os calmuques vivem no único país budista na Europa e reverenciar o Dalai Lama, que visitou a república em 2004.

Em 1943 Stalin acusou os calmuques de colaboração com os nazistas e os  deportou em massa para a Sibéria, onde cerca de metade deles morreu. Eles só foram autorizados a voltar para casa em 1957 após Khrushchev assumir o poder no Kremlin. Hoje a Kalmykia é uma das regiões mais pobres e subdesenvolvidas da Europa com uma infra-estrutura em ruínas.

Concluo que a filatelia é feita por pessoas que, além da compulsão por coleciona-los os torna pesquisadores natos. A primeira premissa do filatelismo é a busca geral pela cultura, pela pesquisa aliada a apresentar as coleções (e o conhecimento) para outras pessoas e outros colecionadores. Desta maneira, uma compra feita no Mercado Livre de uma “coisas estranha”, ou seja, seis selos retratando discos voadores (cuja discussão fica para outra ocasião), nos permitiu aprender um pouco da história de um povo nômade, dizimado na segunda guerra mundial, encontrar um país que jamais acreditaríamos existir, além de poder sonhar como serão nossas coleções daqui cem anos.

Eu acredito em discos voadores, mas isso já é um problema meu e da minha família, mas é melhor eu não dizer nada. Posso ser mal interpretado…

Roberto Antonio Aniche

Bibliografia:

http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/country_profiles/4580467.stm

http://en.wikipedia.org/wiki/Kalmykia

Kalmykia